Utopia: Copacabana Amiga do Idoso
numa entrevista como propôs o estudo
piloto para transformar o bairro onde
nasceu e reside em Copacabana Amiga do
Idoso:
"Houve um Congresso Internacional
de
Gerontologia em junho de 2005, no Rio, e
os organizadores me convidaram para
fazer a conferência de abertura. Mas
pediram uma ideia nova, para chamar a
atenção da mídia. Foi aí que pensei em
fazer um estudo piloto que é Copacabana
Amiga do Idoso e lancei isso no
congresso. Deu certo. Saiu no Fantástico,
Jornal Nacional, Globo Repórter e nos
jornais.
Fizemos primeiro uma pesquisa básica
para ver quais são, de acordo com a
literatura especializada, os elementos
principais que fazem com que um
ambiente possa ser mais amigo do idoso.
Coisas como moradia, transporte,
participação cívica, acesso à informação,
acesso a serviços médicos, acesso a
serviços sociais, engajamento na vida
pública, questão de comunicação e de
adaptação na vida da informática para
uma população envelhecida. Pegamos
estes oito temas e realizamos estudos
qualitativos, de grupos focais e com idosos
mais jovens, com idosos mais idosos, dos
diversos níveis socioeconômicos, em
grupos só de mulheres, só de homens,
mistos, e depois com prestadores de
serviços e com cuidadores do idoso.
Copacabana, nota 10.
Todos os contrastes e as contradições do
Brasil estão presentes aqui no bairro. Em
150 metros em linha reta é possível ir ao
coração da favela, onde há uma das
grandes bocas de tráfico do Rio. O Rio
está cercado de favelas e o estudo foi feito
também com o morador favelado.
Copacabana foi a um bairro de jovens.
Hoje Copacabana tem mais idosos,
proporcionalmente, do que o Japão ou a
Suécia. Quem são eles? A maioria veio
para cá quando durante a urbanização se
urbanizou e se desenvolveu nos anos
1920, 1930. Mas explodiu nos anos 1940
e 1950. Todos queriam morar em
Copacabana.E não saíram mais daqui. E
ficaram porque aqui sempre existiu uma
grande concentração de serviços.
Mas, note: para cada idoso ativo do lado
de fora, temos dois ou três com
dificuldade de andar, com problemas de
doenças não-preveníveis, muitas vezes
mal gerenciadas, mal cuidadas porque os
próprios médicos com frequência não têm
uma formação adequada.De cada três
habitantes, um tem mais de 60 anos, o
que é muito alto. Higienópolis, em São
Paulo, tem esse perfil. Há uma sigla para
isso. São os NOEPs, ou seja, naturally
ocurring eldery population. São
populações que por uma série de fatores,
como essa de Copacabana, vão
concentrando idosos de uma forma
natural. Não é por política, mas por
acidente.
O texto acima foi extraído do conteúdo
deste link:
https://revistapesquisa.fapesp.br/uma-pol
itica-para-o-bem-envelhecer/.
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