Utopia: Copacabana Amiga do Idoso


 O gerontólogo Alexandre Kalache contou

numa entrevista como propôs o estudo

piloto para transformar o bairro onde

nasceu e reside em Copacabana Amiga do

Idoso:

"Houve um Congresso Internacional

de

Gerontologia em junho de 2005, no Rio, e

os organizadores me convidaram para

fazer a conferência de abertura. Mas

pediram uma ideia nova, para chamar a

atenção da mídia. Foi aí que pensei em

fazer um estudo piloto que é Copacabana

Amiga do Idoso e lancei isso no

congresso. Deu certo. Saiu no Fantástico,

Jornal Nacional, Globo Repórter e nos

jornais.

Fizemos primeiro uma pesquisa básica

para ver quais são, de acordo com a

literatura especializada, os elementos

principais que fazem com que um

ambiente possa ser mais amigo do idoso.

Coisas como moradia, transporte,

participação cívica, acesso à informação,

acesso a serviços médicos, acesso a

serviços sociais, engajamento na vida

pública, questão de comunicação e de

adaptação na vida da informática para

uma população envelhecida. Pegamos

estes oito temas e realizamos estudos

qualitativos, de grupos focais e com idosos

mais jovens, com idosos mais idosos, dos

diversos níveis socioeconômicos, em

grupos só de mulheres, só de homens,

mistos, e depois com prestadores de

serviços e com cuidadores do idoso.

Copacabana, nota 10.

Todos os contrastes e as contradições do

Brasil estão presentes aqui no bairro. Em

150 metros em linha reta é possível ir ao

coração da favela, onde há uma das

grandes bocas de tráfico do Rio. O Rio

está cercado de favelas e o estudo foi feito

também com o morador favelado.

Copacabana foi a um bairro de jovens.

Hoje Copacabana tem mais idosos,

proporcionalmente, do que o Japão ou a

Suécia. Quem são eles? A maioria veio

para cá quando durante a urbanização se

urbanizou e se desenvolveu nos anos

1920, 1930. Mas explodiu nos anos 1940

e 1950. Todos queriam morar em

Copacabana.E não saíram mais daqui. E

ficaram porque aqui sempre existiu uma

grande concentração de serviços.

Mas, note: para cada idoso ativo do lado

de fora, temos dois ou três com

dificuldade de andar, com problemas de

doenças não-preveníveis, muitas vezes

mal gerenciadas, mal cuidadas porque os

próprios médicos com frequência não têm

uma formação adequada.De cada três

habitantes, um tem mais de 60 anos, o

que é muito alto. Higienópolis, em São

Paulo, tem esse perfil. Há uma sigla para

isso. São os NOEPs, ou seja, naturally

ocurring eldery population. São

populações que por uma série de fatores,

como essa de Copacabana, vão

concentrando idosos de uma forma

natural. Não é por política, mas por

acidente.

O texto acima foi extraído do conteúdo

deste link:

https://revistapesquisa.fapesp.br/uma-pol

itica-para-o-bem-envelhecer/.


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